MÓNICA CUTIÑO GONZÁLEZ

( Cuba )

Licenciada em Língua Inglesa.
Editora e revisora de estilos.  Vive em Perú.

TEXTOS EN ESPAÑOL – TEXTOS EM PORTUGUÊS

LETRAS DEL DESAMOR. Selección de Poesia de Autores Contemporáneos.           Montevideo: Bianchi editores; Brasilia: Edições Pilar, s. d.   272 p.   ISBN 99574-663-82-2            
Ex. bibl. Antonio Miranda

Solo de violín

                   ... esa amante inoportuna que llama soledad…


La soledad
abierta como una boca
muerde donde me gusta,
me acaricia los senos,
traga mis pezones erectos,
y se escurre a un par de pulgadas debajo de mi ombligo.
Con hábiles dedos
transforma mi clítoris
en insecto que crece, crece.
Se tiende sobre mi espalda
y escarba con hambre,
cerca de donde todo empieza.
Me pega y me grita puta,
moja mi cuello de sudor y saliva
y aprieta lo más duro de sí
contra mi vientre.
Nos movemos como buen ejército.
Llevando cadencia, bandera y escudos de solitarios,
hasta que la derrota apura y me abandona para morir
entre las sábanas de otra mujer.

Wanted for everything

Te busco.
Aviso a mis manos,
—sobre todo a la derecha—,
y a mis columnas
que digo, piernas.
Los convoco a todos:
pulmones, garganta, corazón
y también al hígado,
por si se te ocurre hacerme alguna trastada.

Llevo algunas cosas para el viaje.
Un libro que te debo,
todas las cartas que he escrito,
y la alegría de haber salvado cada una de tus flores.

No pierdo tiempo.
Ya voy de salida.
Te busco por todo.

Doce alma te hallaron culpable.

Clasificado

Estantigua de cabellos largos y oxigenados.
Manos rápidas y suaves.
Boca magna de labios ambrosianos.
Dientes amarillos y encías rojas.
Huesos dilatados y fuertes.
Vientre fresco y tibio.
Vulva ávida y necia.
Orgasmos tensos y atroces,
aléjate de mí,
aléjate de mí.



Boca de todas las bocas

Boca de todas las bocas.
Boca que esconde la huella
de cierta diosa que adoro.
Boca que me atormenta en sueños.
Maldita que domina mi deseo,
y pierde mis pasos.
Boca que me llueve y me escampa.
Boca viva.
Boca donde se juntan todos mis miedos.
Boca perfecta,
llévatelo todo.
Déjame siempre el placer de besarte.



Alumbramiento

Anoche
fumando a la entrada de un teatro
cayeron de mi vagina
tres duendes azules.

Tres duendes azules,
serpientes en mis tobillos,
tatuajes que llevaré por siempre.

TEXTOS EM PORTUGUÊS

Tradução de ANTONIO MIRANDA

Solo de violino

                   ... esa amante inoportuna que llama soledad…


A solidão
aberta como uma boca
morde onde eu mais gosto,
me acaricia os seios,
traga meus mamilos eretos,
e escorre a um par de polegadas debaixo de meu umbigo.
Com dedos hábeis
transforma meu clítoris
em inseto que cresce, cresce.
Se estende sobre minhas costas
e escava com fome,
perto de onde tudo começa.
Me agarra e me chama de puta,
molha meu pescoço de suor e saliva
e aperta o mais duro que pode
contra meu ventre.
Nos movemos como um bom exército.
Levando cadência, bandeira e escudos de solitários,
até que a derrota apressa e me abandona para morrer
entre os lençóis de outra mulher.  

Wanted for everything 

Eu te busco.
Aviso minhas mãos,
—sobre tudo à direita—,
e às minhas colunas
que digo, pernas.
Convoco a todos:
pulmões, garganta, coração
e também ao fígado,
se te ocorre fazer-me alguma travessura.

Levo algumas coisas para a viagem.
Um livro que havia te prometido,
todas as cartas que eu escrevi,
e a alegria de ter salvado cada uma de tuas flores.

Não perco tempo.
Já estou de saída.
Eu te procuro por tudo.

Doze almaa te consideram culpado.

Classificado

Espantalho de cabelos longos e oxigenados.
Mãos rápidas e suaves.
Boca magna de lábios ambrosianos.
Dentes amarelos e gengivas rubras.
Ossos dilatados e fortes.
Ventre fresco e tépido.
Vulva ávida e tola.
Orgasmos tensos e atrozes,
afasta de mim,
afasta de mim.


Boca de todas as bocas

Boca de todas as bocas.
Boca que esconde a pegada
de certa deusa que eu adoro.
Boca que me atormenta em sonhos.
Maldita que domina meu desejo,
e perde meus passos.
Boca que me chove e me pernoita.
Boca viva.
Boca onde se juntam todos os meus medos.
Boca perfeita,
leva tudo.
E deixa sempre o prazer de te beijar. 

Alumbramento

Ontem à noite
fumando na entrada de um teatro
caíram de minha vagina
três duendes azuis.

Três duendes azuis,
serpente em meus tornozelos,
tatuagens que levarei para sempre.

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Página publicada em setembro de 2022